Consumidor instalou 18 painéis no teto da casa e hoje só paga os custos da distribuição de energia
A possibilidade de gerar a própria energia elétrica e ao mesmo tempo reduzir a despesa mensal levou o consultor de imóveis Carlos Tabacow a investir nos painéis solares e praticamente zerar a conta de luz. Antes da instalação do sistema, ele gastava mensalmente cerca de R$ 600. Agora paga apenas R$ 40 pelo custo da distribuidora. “Em sete anos, terei retorno do investimento feito”, calcula o consumidor, que vê na microgeração um caminho sem volta. “No futuro, não vamos mais depender de concessionária. Cada um vai gerar a própria energia.”
Na Fazenda Figueiredo, em Cristalina, o projeto do agricultor Luiz Figueiredo não é suficiente para abastecer todo o consumo propriedade. Mas o projeto virou uma referência no mercado. As 1.150 placas solares cobrem boa parte do lago formado com água das chuvas e, além de produzir energia, ajudam a reduzir a evaporação da água – usada para irrigação no período de seca. “O governo já demonstrou interesse em replicar o modelo num trecho de elevação da Transposição do São Francisco”, disse Figueiredo, que gastou R$ 2 milhões no projeto.
Apesar do consumo da fazenda ser quatro vezes maior à produção do sistema, ele afirma que tem conseguido fazer uma boa economia. “Só com a bandeira vermelha (uma tarifa extra), meu gasto com a conta de luz sobe R$ 20 mil por mês.” Figueiredo planeja construir novas plantas solares. “Mas gosto de fazer tudo com o pé no chão, aos poucos.”
Geração remota
Ao contrário do fazendeiro, que tem espaço de sobra para instalar novos módulos fotovoltaicos, muitos consumidores têm limitações de área. E é nesse grupo de consumidores que muitas empresas estão de olho. A nova tendência é a geração remota. Uma empresa investe e constrói uma planta maior numa área e aluga para consumidores que estejam na mesma região de concessão. A ideia é que esse valor que será pago pelo cliente fique bem abaixo do que ele paga na conta de luz.
A Solar Grid, por exemplo, está finalizando um projeto em Januária, em Minas Gerais, para atender a uma das maiores redes de escola do Estado. “Nós investimos no projeto e garantimos a entrega da energia. Do outro lado, o consumidor tem desconto de até 50% (em relação à conta de luz) num contrato de 10 a 15 anos”, afirma o diretor da empresa, Digo Zaverucha.
A empresa tem 500 projetos instalados no País e 150 em negociação, sendo metade referente a esse novo modelo de negócio em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e n a Região Nordeste.
A concorrente Capitale Energia também tem projetos nesse formato. A empresa desenvolve um empreendimento fotovoltaico, de 1 megawatt (MW), que começará a ser construído em dois meses e entrará em operação em 10 meses. Essa unidade deverá atender 350 pontos de consumo.
O grupo também tem projetos com base em outras fontes de energia, como hídrica, na modalidade arrendamento. “Esse é um mercado que tem de ser incentivado e regulado, pois dá acesso a um número muito maior de consumidores”, afirma o sócio-fundador da empresa, Daniel Augusto Rossi. CPFL e Engie também entraram nesse nicho de mercado.
“Estamos num ritmo vertiginoso de crescimento do setor, mas temos de considerar que partimos de uma base pequena e temos em nosso horizonte um mercado de 83 milhões de consumidores. Ou seja, ainda atingimos um universo muito pequeno”, diz o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia. Isso significa, por outro lado, uma grande oportunidade de negócio para empresas que já estão aqui e para estrangeiras.
Fonte: Renée Pereira, O Estado de S.Paulo / https://economia.estadao.com.br