A Câmara Municipal de Porto Alegre inaugurou, na manhã desta terça-feira (5/6), Dia Mundial do Meio Ambiente, sua Central Geradora Fotovoltaica, a maior da cidade e a terceira maior do Estado, com capacidade para gerar, a partir da luz do sol, cerca de 25% da energia consumida na Casa. Isso equivale ao consumo de 90 residências, ou 22.225 kWh por mês. Os equipamentos estão instalados no estacionamento externo do Palácio Aloísio Filho, sede do Legislativo. Também pela manhã, na Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), empresários afirmaram que a demora da CEEE em aprovar projetos de energia fotovoltaica é um dos principais entraves ao desenvolvimento do setor na Capital. A cidade tem pouco mais de 150 ligações fotovoltaicas (das cerca de 3 mil conexões do Rio Grande de Sul).
A Central Geradora Fotovoltaica da Câmara, cujo processo de instalação foi iniciado em 2017, possuiu 600 módulos de 330 W, com potência de 198 kWp e estimativa anual de geração de 266.696 kWh. A expectativa é de que gere entre 20% e 30% de toda a energia consumida pelo Legislativo da Capital e de que o retorno do investimento, de cerca de R$ 1 milhão, seja em até sete anos, devido à economia de energia elétrica. Clicando aqui é possível monitorar em tempo real a produção de energia solar da Câmara.
O vereador Cassio Trogildo (PTB), que foi presidente da Câmara em 2017, destacou que as iniciativas para tornar o Palácio Aloísio Filho mais sustentável perpassam as gestões e são um trabalho continuado. “Em 2013, foi dado início ao processo de troca de todo o sistema de ar condicionado do Legislativo, que está para ser concluído. Há diversas ações nesse sentido, e isso é um trabalho de resiliência não apenas para a Câmara, mas para toda a cidade.”
O atual presidente do Legislativo, vereador Valter Nagelstein (MDB), disse que a Central Geradora Fotovoltaica integra amplo programa de sustentabilidade interno e constitui-se em um exemplo de inovação, que pode servir de modelo para outras entidades públicas e privadas. Citou ações como o reuso de água nos banheiros, o telhado verde com ervas medicinais, a separação e o correto encaminhamento dos resíduos gerados e o projeto Papel Zero como partes de uma cultura de sustentabilidade que vem se concretizando no Legislativo.
Nagelstein disse ainda que medidas como a geração de energia fotovoltaica e de doação de 50% da frota de automóveis da Câmara são demonstrações de que a Casa está sintonizada com a necessidade de corte de gastos públicos. “Os 2,76% que demos na Câmara não foi reajuste; é reposição da inflação medida pelo IPCA. 80% dos itens solicitados pelo sindicato dos servidores não foram acatados pela Mesa Diretora. Nós não demos nem o 1% de ganho real que nossos servidores pediram. Estamos fazendo o que precisa ser feito.”
Cosmam
Membro do grupo POA Solar da Zona de Inovação Sustentável de Porto Alegre (Zispoa), o empresário João Pedro Demore informou, na reunião da Cosmam, que a CEEE tem demorado de três a seis meses para aprovar um projeto de energia fotovoltaica. “Enquanto o projeto não é homologado pela Companhia, não é possível fazer a troca do relógio de luz e converter o sistema. Isso inviabiliza o processo, pois o cliente não consegue ter abatimento da conta de luz e tem que arcar com o custo do financiamento das placas fotovoltaicas”, explicou.
O engenheiro eletricista Ranieri Stecker, cuja empresa foi a vencedora da licitação da Central Geradora Fotovoltaica da Câmara, disse que, em Santa Catarina, a Celesc leva em média uma semana para aprovar os projetos de energia fotovoltaica e mais uma semana para trocar o relógio de luz. “O processo é feito online, sem burocracia e com menos papelada. Basicamente, é necessário informar a potência instalada, o local e o equipamento que está sendo implantado. Assim, em duas semanas temos o sistema funcionando e operando. O que precisamos aqui em Porto Alegre é que a CEEE dê celeridade à aprovação destes projetos.”
O presidente da Cosmam, vereador Cassio Trogildo (PTB), afirmou que os parlamentares farão uma visita à CEEE a fim de colaborar com a ampliação da produção de energia solar na cidade. Disse ainda que a intenção é levar o manual de procedimentos adotados pela Celesc como exemplo de iniciativa bem sucedida na área.
Sustentabilidade
O engenheiro eletrônico Luis Maccarini participou da instalação dos primeiros sistemas fotovoltaicos de Porto Alegre, há cerca de 10 anos. “As placas se pagavam em cerca de 20 anos à época. Ou seja, não eram os benefícios econômicos que puxavam o setor, mas as questões ligadas à sustentabilidade e à sobrevida do sistema de transmissão de energia.” Destacou ainda que a produção de energia fotovoltaica é uma alternativa importante para evitar apagões, já que os horários em que se gera mais energia são os mesmos de pico de utilização, e que integra ações ligadas à mobilidade sustentável e à resiliência.
O vereador André Carús (MDB), que sugeriu a criação da Semana do Meio Ambiente da Câmara e a realização da reunião, destacou que há no Brasil exemplos de legislações que incentivam a instalação de energia fotovoltaica. “É preciso entender que medidas que incentivam a produção de energia solar trazem benefícios ambientais e economia, a médio e longo prazos, e não se constituem em mera renúncia fiscal”, disse. “Porto Alegre precisa trabalhar pelo crescimento do sistema, seguindo o exemplo da Câmara, que é pioneira neste tema. É preciso empreender de maneira sustentável, saindo da discussão e implementando projetos que beneficiem a população e o ambiente.”
Carús lembrou ainda da importância do Seminário Projetos da Zispoa para o Plano Diretor 2020-2030, que ocorre nesta sexta-feira (8/6), no Plenário Ana Terra, da Câmara Municipal de Porto Alegre. Para saber mais sobre o seminário, clique aqui.
Também participaram da reunião da Cosmam os vereadores Aldacir Oliboni (PT), José Freitas (PRB), Mauro Pinheiro (REDE) e Paulo Brum (PSDB) e o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams), Adelar Marques. Além das autoridades já citadas, estiveram presentes na inauguração da Central Geradora Fotovoltaica a vereadora Mônica Leal (PP), o secretário da Smams, Maurício Fernandes, e o diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), René José Machado de Souza.
Fonte: felipevieira.com.br