Não é de hoje que a ideia de utilizar o Sol para gerar energia roda pelas cabeças mais inventivas da humanidade. Conforme mostra um projeto publicado no periódico Science and Invention, no início do século passado havia pelo menos um alemão anônimo interessado em captar os raios solares para iluminar mesmo os rincões mais distantes do planeta.
O artigo, intitulado Electricity From The Sun (Eletricidade do Sol), foi originalmente veiculado em 1923 e imaginava algo como um girassol mecânico gigantesco capaz de “gerar energia para iluminar uma pequena cidade”. Como se pode apreender do diagrama publicado na revista (abaixo, em inglês), o funcionamento seria razoavelmente simples: os raios do sol incidem sobre uma enorme lente, que os faz convergir na direção do óleo acumulado na estrutura.
O óleo aquecido então se desloca pela tubulação, desembocando em um recipiente com água – a fim de fazer girar um motor a vapor, tecnologia ainda amplamente utilizada na época. Para que nenhuma energia fosse perdida, a estrutura inclui ainda dobradiças, capazes de fazer girar o aparato, a fim de acompanhar o movimento do Sol.
Ecologia não era bem o foco
É bem verdade que a utilização de energia solar é hoje prontamente associada a propostas de “energia limpa”, juntamente com outras soluções que pretendem reduzir o impacto da geração de energia elétrica sobre o meio ambiente. No caso do esquema apresentado na Science and Invention, entretanto, cabe alguma contextualização.
Conforme apontou a publicação do site Paleofuture, no início de 1920 a energia elétrica ainda era um luxo disponível a uma parcela ínfima das famílias. Mesmo em países relativamente desenvolvidos, como os EUA, instalações desse tipo apareciam em uma média de apenas 35% dos lares. Considerando-se que em áreas rurais essa percentagem descia ainda mais (3%), havia a necessidade de buscar métodos alternativos para levar a luz elétrica a todos – e o Sol, naturalmente, sempre foi considerado como uma fonte bastante confiável.
“Essa invenção tem ainda a vantagem de trabalhar por algumas horas depois do por do Sol, até que o óleo acabe por se resfriar a um nível abaixo do ponto de ebulição da água”, acrescenta a publicação original. “Onde mais força for necessária, uma quantidade extra de motores e de caldeiras será utilizada.” Teria sido uma grande invenção.
Fonte: https://www.terra.com.br